OCTÁVIO ON OLIVEIRINHA
No dia em que queirós scolarizou-se mais um bocadinho ao dar uns sopapos no gajo que dizia cu malheiro é ca levava direita, esta frase em destaque na capa do i deveria ser a mais suprema definição de ironia, penso eu de que:
"Liedson bate num director e vai à selecção?"
Mas sinceramente a entervijta é toda tão boa, tão suculenta, que o que mais me satisfez foi saber o que é que o homem tinha ou não tinha realmente contra o oliveirinha:
"E como é que a selecção não foi a nenhum Mundial ou Europeu com aquela geração fantástica de jogadores: os mais veteranos (Eusébio, Torres e Jaime Graça), os mais novos (Octávio, Nené, Humberto Coelho, Peres e Toni) e os emergentes (Vítor Baptista, João Alves, Bento, Manuel Fernandes e Oliveira)?
Ainda tive a felicidade de jogar com Eusébio, Peres, Jaime Graça e Torres. Mas a selecção era frágil, em termo de espírito de grupo. Havia cisões clubísticas, não havia calor humano e a determinada altura a selecção nacional era local para descanso. Sem esquecer que as grandes vedetas, que não estas que referi agora, nunca estavam presentes. Aqueles que podiam fazer a diferença, fragilizavam--se na hora de decidir.
Está a falar de quem?
Dois grandes jogadores. Um é o Vítor Baptista [V. Setúbal e Benfica], que, certa vez, apareceu no estágio vestido de uma forma descabida. Mas isso até nem foi o mais preocupante. Quando fizemos o primeiro treino, ali perto do hotel, o plantel corria para um lado e ele corria para o outro. Na volta seguinte, andávamos desencontrados outra vez. Foi recambiado para casa, naturalmente. Íamos jogar com Chipre, na qualificação para o Mundial-78. O outro é o António Oliveira [FC Porto, Bétis, Penafiel, Sporting e Marítimo], que foi um grande jogador mas podia ter sido um génio. Mas não foi homem na hora da verdade. Faltou--lhe a componente humana. Por isso, Eusébio e Figo são melhores que ele.
Já percebi que não vai à bola com Oliveira. Foi sempre assim?
Sempre, foi sempre assim. Quando o FC Porto foi campeão nacional em 1978, ao fim de 19 anos de seca, eu e ele jogávamos juntos. Você nem imagina o que ouvi da boca dele! No jogo do título, com o Benfica, a três jornadas do fim, eles marcaram primeiro, num autogolo de Simões, logo aos três minutos, e o Oliveira disse--me que aquilo tudo ia dar para o torto, que havia um cemitério debaixo do Estádio das Antas, que teríamos um azar eterno. Mas empatámos aos 83', por Ademir, e sagrámo-nos campeões na última jornada [4-0 ao Braga, com golos de Oliveira, Octávio e Gomes, 2]. O Oliveira sempre foi assim, um complexado, com a mania do outro mundo. E nem lhe conto o que ele fez para festejar o título.
Vá lá, conte lá...
Enquanto os jogadores esforçados, batalhadores e guerreiros do FC Porto festejavam o título nacional de 1978 em suas casas e junto das suas famílias, porque na altura não havia cá autocarro de dois andares nem passagem pela câmara municipal, o Oliveira exibia-se na Avenida dos Aliados, com o seu descapotável. Ao seu lado, Fernando Gomes, o bibota, e Quinito, uma jovem promessa em quem Pedroto sempre depositou enorme esperança, sem os devidos resultados. E eles os três a curtir o título num descapotável. Eu e o Oliveira sempre tivemos filosofias de vida e desportivas completamente incompatíveis.
Então como se entendiam quando ele era o seleccionador nacional e o Octávio o treinador do Sporting?
Ah, isso é simples. Não nos entendíamos. Mas a culpa é dele; evitava-me. Certa vez, mandou um adjunto dele chamado Joaquim Teixeira, que até é meu amigo, ao Sporting e ele lá apareceu a perguntar por mim, na 10-A [a mítica porta por onde entravam e saíam os jogadores do Sporting, antes e depois de cada treino e jogo]. E eu disse ao porteiro que devia ser engano. Se era o adjunto da selecção nacional, devia querer falar com o adjunto do Sporting e não comigo. Por isso indiquei o meu adjunto Vítor Damas para falar com ele. Então o seleccionador nacional não quer falar comigo sobre os jogadores do Sporting e manda o adjunto?"
"Liedson bate num director e vai à selecção?"
Mas sinceramente a entervijta é toda tão boa, tão suculenta, que o que mais me satisfez foi saber o que é que o homem tinha ou não tinha realmente contra o oliveirinha:
"E como é que a selecção não foi a nenhum Mundial ou Europeu com aquela geração fantástica de jogadores: os mais veteranos (Eusébio, Torres e Jaime Graça), os mais novos (Octávio, Nené, Humberto Coelho, Peres e Toni) e os emergentes (Vítor Baptista, João Alves, Bento, Manuel Fernandes e Oliveira)?
Ainda tive a felicidade de jogar com Eusébio, Peres, Jaime Graça e Torres. Mas a selecção era frágil, em termo de espírito de grupo. Havia cisões clubísticas, não havia calor humano e a determinada altura a selecção nacional era local para descanso. Sem esquecer que as grandes vedetas, que não estas que referi agora, nunca estavam presentes. Aqueles que podiam fazer a diferença, fragilizavam--se na hora de decidir.
Está a falar de quem?
Dois grandes jogadores. Um é o Vítor Baptista [V. Setúbal e Benfica], que, certa vez, apareceu no estágio vestido de uma forma descabida. Mas isso até nem foi o mais preocupante. Quando fizemos o primeiro treino, ali perto do hotel, o plantel corria para um lado e ele corria para o outro. Na volta seguinte, andávamos desencontrados outra vez. Foi recambiado para casa, naturalmente. Íamos jogar com Chipre, na qualificação para o Mundial-78. O outro é o António Oliveira [FC Porto, Bétis, Penafiel, Sporting e Marítimo], que foi um grande jogador mas podia ter sido um génio. Mas não foi homem na hora da verdade. Faltou--lhe a componente humana. Por isso, Eusébio e Figo são melhores que ele.
Já percebi que não vai à bola com Oliveira. Foi sempre assim?
Sempre, foi sempre assim. Quando o FC Porto foi campeão nacional em 1978, ao fim de 19 anos de seca, eu e ele jogávamos juntos. Você nem imagina o que ouvi da boca dele! No jogo do título, com o Benfica, a três jornadas do fim, eles marcaram primeiro, num autogolo de Simões, logo aos três minutos, e o Oliveira disse--me que aquilo tudo ia dar para o torto, que havia um cemitério debaixo do Estádio das Antas, que teríamos um azar eterno. Mas empatámos aos 83', por Ademir, e sagrámo-nos campeões na última jornada [4-0 ao Braga, com golos de Oliveira, Octávio e Gomes, 2]. O Oliveira sempre foi assim, um complexado, com a mania do outro mundo. E nem lhe conto o que ele fez para festejar o título.
Vá lá, conte lá...
Enquanto os jogadores esforçados, batalhadores e guerreiros do FC Porto festejavam o título nacional de 1978 em suas casas e junto das suas famílias, porque na altura não havia cá autocarro de dois andares nem passagem pela câmara municipal, o Oliveira exibia-se na Avenida dos Aliados, com o seu descapotável. Ao seu lado, Fernando Gomes, o bibota, e Quinito, uma jovem promessa em quem Pedroto sempre depositou enorme esperança, sem os devidos resultados. E eles os três a curtir o título num descapotável. Eu e o Oliveira sempre tivemos filosofias de vida e desportivas completamente incompatíveis.
Então como se entendiam quando ele era o seleccionador nacional e o Octávio o treinador do Sporting?
Ah, isso é simples. Não nos entendíamos. Mas a culpa é dele; evitava-me. Certa vez, mandou um adjunto dele chamado Joaquim Teixeira, que até é meu amigo, ao Sporting e ele lá apareceu a perguntar por mim, na 10-A [a mítica porta por onde entravam e saíam os jogadores do Sporting, antes e depois de cada treino e jogo]. E eu disse ao porteiro que devia ser engano. Se era o adjunto da selecção nacional, devia querer falar com o adjunto do Sporting e não comigo. Por isso indiquei o meu adjunto Vítor Damas para falar com ele. Então o seleccionador nacional não quer falar comigo sobre os jogadores do Sporting e manda o adjunto?"
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