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quarta-feira, outubro 26, 2011

TÃO JÁ NÃ É DAS MAMAS QUE SE FALA?

"As coisas valem o que valem, mas a ver­dade é que as con­ver­sas de almoço e café e inter­va­los das últi­mas sem­anas têm prestado grande atenção aos acon­tec­i­men­tos da exe­crável Casa dos Seg­re­dos da TVI. O motivo para isto não é difí­cil de encon­trar – o lado de porteir­inha voyeurista que ouve falar das bar­bari­dades que se dizem e que se fazem no reality-show de Queluz e quer ver por si próprio se é mesmo ver­dade que tal con­cor­rente não sabe o nome da cap­i­tal espan­hola ou tal con­cor­rente não sabe o nome de países da América do Sul, do tipo “ah, isso não pode ser verdade”.

A tris­teza é que não só é ver­dade como a emis­são da TVI acaba por fun­cionar como microscó­pio soci­ológico de uma certa forma de vida por­tuguesa que per­mite ao espec­ta­dor sentir-se supe­rior a tudo isto – uma espé­cie de teatro da cru­el­dade onde os habi­tantes da casa seriam “tolin­hos da aldeia” ou fenó­menos de feira exibidos para deleite e hor­ror dos espec­ta­dores. Nesse aspecto, a Casa dos Seg­re­dos pro­longa uma longa série histórica de espec­tácu­los pop­u­lares e grotescos, actu­al­iza­dos para os nos­sos dias multi-mediáticos – mas isso não o torna mais do que uma patética e per­tur­bante cel­e­bração dos abis­mos a que se pode descer em nome da fama instantânea."