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quarta-feira, março 19, 2008

NÃO...

Não posso ler ISTO... então a chegada do brazuca não foi a melhor coisa que aconteceu ao futebol português? Não posso...

3 Atoardas:

  • Esta Sexta, no Publico:

    Como entender o desespero de Scolari

    21.03.2008, Bruno Prata


    As alterações que Luiz Felipe Scolari efectuou na última convocatória da selecção portuguesa de futebol antes da lista final a divulgar a 12 de Maio não foram bem entendidas. Houve quem achasse que o seleccionador estava a dar uma derradeira oportunidade a determinados jogadores, designadamente a Carlos Martins. Houve também quem entendesse que as mudanças reflectiam apenas as lesões que afectam transitoriamente alguns jogadores fundamentais. Claro que houve ainda quem valorizasse as idiossincrasias (ou serão incongruências?) de Scolari, costumeiras quando, por exemplo, tem de escolher guarda-redes. Uma e outra opiniões até devem ser levadas em conta. Mas aquilo que provavelmente mais terá condicionado as escolhas de Scolari foi a preocupação e a consciência de estar longe, muito longe mesmo, de ter uma equipa formada e preparada, designadamente no meio-campo. E como faltam menos de dois meses para entregar a lista definitiva para o Europeu, talvez não seja um caso de mera preocupação. Deve ser mesmo desespero.
    Há mais ou menos quatro anos, Scolari estava a ser criticado por algumas das suas opções, designadamente por não ter dado ainda a titularidade a Ricardo Carvalho, Nuno Valente, Deco e Cristiano Ronaldo (que só alinhou de início no terceiro jogo do Europeu). Com excepção da meia dúzia dos habituais seguidistas de Scolari (que sempre irão encontrar uma boa justificação para as opções do seleccionador, mesmo que ele convoque um guarda-redes com o máximo de dioptrias que uma armação dos óculos aguenta), a generalidade da crítica salientou a necessidade de Scolari perceber que a titularidade de Fernando Couto, Rui Jorge, Rui Costa e até Figo já estava mais do que ameaçada.
    Mas a situação não era, na altura, tão grave como agora, porque todas as alternativas estavam em boas condições físicas e incluídas no lote seleccionado. De facto, bastou o desaire na abertura do Euro com a Grécia para que Scolari fizesse as alterações que se impunham e colocasse em campo o meio-campo de sucesso burilado por Mourinho no FC Porto.
    O problema actual é de outro cariz, mais grave e difícil de resolver. Scolari não tem hoje, por exemplo, ninguém verdadeiramente preparado para desempenhar o papel que era então de Costinha. Petit tem características diferentes, mas, mais do que isso, o seu futebol perdeu disponibilidade física, tornando-o um jogador bem menos interessante. Tiago ainda procura o seu espaço na Juventus. Pelé está num processo de crescimento no Inter de Milão. Manuel Fernandes não é "trinco" e as lesões ainda não o deixaram estabilizar-se no Everton, mantendo-se na selecção de esperanças. Resta Maniche, que em várias circunstâncias já foi utilizado como médio defensivo. Mas ele é exactamente uma das razões da dor de cabeça de Scolari. Entrou em colisão com o treinador Javier Aguirre no Atlético de Madrid, mas a mudança para o Inter de Milão pode vir a ser um daqueles casos em que o passo foi maior do que a perna. Não joga o mínimo razoável com Mancini. Por isso, mais do que pensar em Maniche como substituto de Petit, Scolari anda é a pensar se não o terá de substituir também a ele, razão por que, se calhar, não o convocou agora.
    Foi a necessidade de reorganizar e encontrar soluções credíveis para o miolo que fez Scolari voltar a chamar Miguel Veloso e João Moutinho. Sobre o primeiro, disse Scolari que voltou a ter uma condição física aceitável. Opinião difícil de confirmar, uma vez que não tem jogado e só deve voltar amanhã à competição, na final da Taça da Liga. Mas Veloso pode vir a tornar-se uma alternativa credível, embora eu continue convicto de duas coisas: a sua melhor posição é a de médio interior-esquerdo e para jogar a "trinco" é preferível João Moutinho, que pensa e executa muito mais rápido.
    Scolari pode ainda voltar a pensar em Fernando Meira para médio defensivo. Mesmo com a lesão de Jorge Andrade, o defesa-central do Estugarda mantém-se aparentemente como quarta opção para a defesa, atrás de Ricardo Carvalho, Pepe e Bruno Alves. Subir no terreno poderá ser uma possibilidade interessante para ele, embora a sua "falta de rins" se torne mais pronunciada quando alinha no miolo.
    Ainda no meio-campo, Scolari começou a ver a vida andar para a trás à medida que Deco passou a ter problemas físicos consecutivos e a jogar cada vez menos no Barcelona. Se recuperar totalmente, isso até poderá significar que Deco estará menos desgastado do que os colegas. Mas há também grande risco de acusar falta de ritmo, o que seria dramático numa selecção em que tem características únicas e é um dos principais desequilibradores. Faz, por isso, algum sentido tentar recuperar Carlos Martins, o jogador da Liga espanhola com mais golos marcados de fora da área. Já se sabe (como Paulo Bento pode confirmar) que o médio do Huelva tem tanto de bom jogador como de instável psicologicamente. Mas Maniche não lhe ficava muito atrás e Mourinho fez dele um médio desejado por meia Europa. E, mesmo que esta realidade possa vir a alterar-se ainda profundamente, não deixa de ser verdade que um meio-campo com João Moutinho, Raul Meireles e Carlos Martins seria a escolha mais aceitável se o jogo com a Grécia fosse já hoje. Não deixa de ser surpreendente, mas é verdade.
    As dores de cabeça de Scolari não acabam aqui. Há, já se sabe, o problema no lado esquerdo da defesa. Caneira, Veloso e Paulo Ferreira podem fazer o lugar, mesmo sendo soluções de recurso. Mas só se justifica levar Jorge Ribeiro ao Euro se for para ser titular. Caso contrário, as três alternativas referidas oferecem maior polivalência.
    Na frente, confirmou-se que Scolari ficou algo desiludido com Makukula. Deixou-o de fora, tal como a Postiga, que na Grécia ainda não fez o suficiente para justificar o regresso. Mas Nuno Gomes muito menos, e voltou a ser convocado. Resta Hugo Almeida, que vem jogando com regularidade no Werder Bremen.
    Seguro é que o futebol português não conseguiu formar nos últimos anos um ponta-de-lança de valor indiscutível e capaz de substituir Pauleta na selecção. Quer dizer, há um: Cristiano Ronaldo, o melhor jogador português de todos os tempos (repito esta passagem para tentar perceber se perdi alguns dos críticos de há alguns meses...). Faria sentido insistir nessa solução numa selecção que se pode dar ainda ao luxo de ter Simão, Quaresma e Nani para jogar nas faixas laterais. Mas também porque Ferguson o vem fazendo com maior frequência no Manchester United.
    P.S. Mesmo sendo um disparate, não vale a pena perder tempo com a questão da chamada de Rui Patrício e a ausência de Quim (ou de Eduardo, ou de Beto...). Até porque já se sabe que, esteja Ricardo bem ou não, quem joga é sempre ele!

    By Blogger melga mike, at 3:36 da tarde  

  • Cristiano Ronaldo visto pelo craque dos jornais

    Santiago Segurola é provavelmente o melhor jornalista europeu na área do desporto. Mandou na secção desportiva do El País durante vários anos e hoje é o director adjunto do diário desportivo Marca, onde tem contactos semanais com os leitores num fórum disponível na edição on-line. Há dias, ele próprio recordou o dia em que aceitou o meu convite e escreveu um artigo para o PÚBLICO sobre a sua admiração pelo futebol português, principalmente por Eusébio. "Portugal tem um mérito enorme: pelos jogadores que produz e pelo bom olho para as contratações", afirmou no referido fórum, após o que sublinhou ter sido Figo um dos jogadores "mais importantes da década de 90", enquanto Rui Costa foi "imperial" na Fiorentina, "antes de se lhe acabar o gás". Este intróito, devo reconhecer, serviu principalmente para vos poder contar o que ele pensa de Cristiano Ronaldo: "É de uma categoria superior de futebolistas. Tem o melhor de Figo, mas multiplicado por dois."
    O que Santiago Segurola provavelmente não saberá ainda é que o mesmo futebol português capaz de criar craques de dimensão mundial de Figo, Rui Costa ou Ronaldo falhou pela quinta vez consecutiva o apuramento para a fase final do Europeu de sub-17. Tudo porque não foi capaz de evitar uma derrota com a Irlanda por mais do que um golo de diferença (perdeu por 0-2). É mais um sinal da gravíssima crise que se vive desde há vários anos nas selecções jovens nacionais. Mas as associações continuam é preocupadas com a possibilidade de o novo regime jurídico das federações lhes retirar algum poder... E não perdem tempo a tentar inverter a situação que Agostinho Oliveira relatava há dias no jornal A Bola: Portugal não consegue nada de significativo na formação desde a viragem do século, quando fomos campeões da Europa de sub-16. Voltar a ter êxito será cada vez mais difícil. Principalmente se ninguém alterar o quadro competitivo da formação, organizado de uma forma absolutamente surrealista. Ou se os nossos dirigentes continuarem a achar que é natural os juniores do Benfica terem 13 estrangeiros, os do Sporting seis e os do FC Porto cinco. A continuar assim, qualquer dia Santiago Segurola irá é questionar-se sobre as razões por que secou o filão de craques portugueses.

    By Blogger melga mike, at 3:37 da tarde  

  • E... já agora:
    http://antonioboronha.blogspot.com/2008/03/legado-desbaratado.html

    By Blogger melga mike, at 3:40 da tarde  

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