BOLINHA NA TELINHA DA TVI?
Emocionei-me ao ler isto do GERALDÃO (se bem que fiquei com a impressão que o Benfica ou o Jorge Patinhas de Brito tinham ganho guito com a transferência dele para o PSG) mas cagueimarrire foi com estas mamórias escavadas na nossa alma salga mother:
"Eis-nos então prontos para mais uma incursão no universo dos programas desportivos. Não tão mediático como o Domingo Desportivo, não tão exaustivo como Desporto 2, não tão polémico como os Donos da Bola nem tão político como o Jogo Falado. Falamos do Contra Ataque. Programa com a mesma idade da televisão da igreja, orientou os acólitos em manhãs de verdadeiro catecismo futebolístico e viu passar pelos seus quadros algumas das mais inesqueciveis personagens da bola falada. Possuidor de um elenco eclético e esmagador, capaz de acolher da mais doce donzela ao mais rude analista. Passemos, então, em revista os arautos da nova mensagem da bola. Tutelados pelo mentor Silva Resende, que com a sua rubrica "De Cabeça" dava autênticos cursos de religião e moral futebolística, aos que se conseguissem manter acordados e atentos aos galões deste encartado ex-dirigente federativo e eminente diplomata da FIFA, a equipa mostrava grande entrosamento. Na baliza, José Carlos Soares. Pausa para respirar fundo. O que dizer? O bombástico polivalente da televisão portuguesa, mostrando grande à vontade na socialite desportiva (um autêntico Paulo China com carteira profissional de jornalismo), apimentava as sessões televisivas com argúcia e tenacidade. Rápido na análise, precipitado por vezes nos comentários aos jogos (visível pela reputação de enfant terrible que granjeou ao emparelhar relatos da Liga Espanhola com Carlos "Terminator" Mozer). A irreverência leva-o mais tarde ao posto de guardião da selecção portuguesa de futebol de praia e, por consequência, ao lugar de compagnon de route de ídolos como Hernâni (a fenix renascida nas areias da Figueira da Foz) e Nunes. Como jornalista, o Contra Ataque foi o começo, como foi o Beira Mar para o jovem Joel. Depois de JCS, Brigitte. Brigitte Martins, número 10 na camisola, distribuindo jogo como a cara vísivel do Contra Ataque. Incompreendida aprendiz dessa tágide do desporto, essa Pierre de Coubertin de saias que foi e é Cecília Carmo (de quem nós aqui somos indefectíveis), Brigitte mostrava mais à vontade nas Docas (com Kenedy, por exemplo, ou qualquer outro jogador que quinze dias atrás houvesse marcado um golo de belo efeito e por conseguinte elevado à categoria de esperança lusa) do que a ler o teleponto. Os seus trunfos: o sorriso e a postura hirta, para além do corte de cabelo que, apesar de tirado a Cecília Carmo, mostrava aquela extravagância que só um par de madeixas caju conseguem imprimir. O carregador de piano e ocasional central de marcação, no entanto, era um brasileiro de peso, José Roberto Tedesco de seu nome. Tedesco acompanhou todavia apenas os primeiros anos desta equipa, dada o seu retorno prematuro ao futebol brasileiro. Aqui na Caderneta crê-se que o afastamento da equipa terá estado alegadamente relacionado com um episódio de infeliz precipitação, ao comentar uma substituição de Artur Jorge ao serviço do Benfica como uma alteração digna de "um treinador com tumor na cabeça". O (mau) génio do comentarista ter-se-á assim devido a esse carácter volátil e jocoso do tropicalismo, bastas vezes incompreendido pelos sorumbáticos adeptos lusitanos, mas também à dura realidade que era o Benfica Parmalat de Nelo, Tavares e restantes. Tedesco era autor da rubrica Brasileirão onde, pela primeira vez em Portugal, os bolómanos tinham oportunidade de vibrar com os lances mais importantes de jogos como Paysandu vs. Curitiba ou acompanhar a carreira do Juventude de Ponte Preta. O choque civilizacional terá sido demasiado forte para este ácido zagueiro de 150 quilos. Terminando o périplo, o benjamin da equipa, entretanto promovido também a reportér de exteriores em eventos de maior envergadura, como Europeus e Mundiais, o José Gabriel Quaresma. Sem dúvida o elemento mais discreto e cerebral da equipa, este médio direito repentista e de baixa estatura (e os especialistas sabem o quão importante é um centro de gravidade baixo num jogador que se quer rápido e eficaz) apresenta também credenciais que, extravasando a irreprensível leitura do teleponto e a antevisão au ralenti de cada jogo da jornada - com vedetas convidades a jogar ao Totobola - avançam até domínios inovadores como a reformulação de pronúncia de nomes de cidades europeias. Por exemplo, alguém alguma vez percebeu em que cidade é que Portugal estagiou no Euro2000? Ermelo ou 'Err-méh-lô'? José Nicolau de Melo, agarra este pupilo e, se estiveres a ler, responde-nos. Por todas estas razões, considera-se aqui injusto estes pedaços de análise televisiva ficarem atrás do palanque de programas como os citados no início, apenas porque Brigitte nunca foi bombardeada com sacos de urina ou porque o Rui Reininho nunca discordou de José Gabriel Quaresma no resultado de um Rio Ave-Campomaiorense."
0 Atoardas:
Enviar um comentário
<< Home